22 de setembro de 2008

Exercicios da aula de ECONOMIA/PARTE-1

Faculdade Fabrai
Disciplina: Economia
Professor: Christiano Alves Farias


Exercícios de Revisão


Unidade I - Introdução Geral e Conceitos Fundamentais


1) A curva de possibilidade de produção é utilizada nos manuais de economia para ilustrar um dos problemas fundamentais do sistema econômico: por um lado, os recursos são limitados (escassez) e não podem satisfazer todas as necessidades ou desejos, por outro é necessário realizar escolhas. Essa curva, quando construída para dois bens, mostra:

a) os desejos dos indivíduos perante a produção total desses dois bens.
b) a quantidade total produzida desses dois bens em função do emprego total de mão-de-obra.
c) a quantidade disponível desses dois bens em função das necessidades dos indivíduos dessa sociedade.
d) quanto se pode produzir dos bens com as quantidades de trabalho, capital e terra existentes e com determinada tecnologia.
e) a impossibilidade de atender às necessidades dessa sociedade visto que os recursos são escassos.

2) No gráfico abaixo, a Curva de Possibilidade de Produção de uma economia é representada pela linha cheia ligando os pontos A e B.

Bem Y
Bem X
A
B C
O deslocamento da curva para a posição ocupada pela linha tracejada que liga os pontos A e C é compatível com a causa seguinte:

a) Progresso tecnológico aplicável à produção de cada um dos dois bens, mantidas constantes as dotações dos demais recursos produtivos.
b) Redução da dotação de um dos recursos aplicáveis à produção do bem Y, mantida constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y.
c) Progresso tecnológico aplicável exclusivamente à produção do bem Y, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y.
d) Redução da dotação de um dos recursos aplicáveis à produção do bem X, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y.
e) Progresso tecnológico aplicável exclusivamente à produção do bem X, mantidas constantes as dotações dos demais recursos aplicáveis à produção dos bens X e Y.

3) Assinale cada uma das questões como Falsa (F) ou Verdadeira (V), justificando as que julgar erradas.

(__) A) O custo de oportunidade é simplesmente a contabilização dos gastos na produção de um determinado bem ou serviço
(__) B) Os fatores de produção podem ser classificados em mão-de-obra, terra e capital. Terra representa os elementos da natureza em que sua incorporação ao processo produtivo é viável. Mão-de-obra refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos indivíduos que fazem parte da população economicamente ativa. Capital é composto pelos edifícios, máquinas, equipamentos e a existência de meios elaborados utilizados no processo produtivo.
(__) C) O problema econômico fundamental é distribuir a riqueza da sociedade de maneira justa entre as pessoas, por isso, economia pode ser definida como a ciência que estuda a forma como a sociedade decide empregar seus recursos abundantes de forma eqüitativa.
(__) D) Os preços e as quantidades demandadas, ceteris paribus, variam na mesma direção: quanto mais altos aqueles forem, maiores estas serão.

4) Aponte a afirmativa falsa:

a) Recursos produtivos, bens e serviços são ditos econômicos quando são relativamente escassos.
b) O conjunto dos elementos da natureza não necessariamente se identifica como recursos naturais.
c) Empresas que se dedicam unicamente ao transporte de mercadorias são unidades produtivas do setor terciário da economia.
d) Automóveis podem ser bens de consumo durável ou bens de produção.
e) Nos Estados Unidos a maior parte dos os habitantes não problemas de escassez de produtos ou recursos, logo o problema econômico básico não se aplica a esse país.

5) A população economicamente ativa de uma economia é o total das pessoas

a) em condições de trabalhar e que demandam serviços do fator trabalho no mercado de fatores.
b) em idade de trabalhar e que ofertam serviços do fator trabalho no mercado de fatores, estejam ou não empregadas.
c) em idade de trabalhar, que ofertam força de trabalho no mercado de fatores e estão efetivamente empregadas.
d) em idade de trabalhar, que demandam força de trabalho no mercado de fatores e estão efetivamente empregadas.



Unidade II - Introdução à Microeconomia: Oferta, Demanda e Estruturas de Mercado

6) INSTITUTO RIO BRANCO [2003 – nº 27] - Considerando os conceitos básicos da análise econômica, julgue se a afirmativa é certa ou errada. “O pacote recente do governo brasileiro, que injetou crédito de R$ 400 milhões para a compra de eletrodomésticos, deslocará a curva de demanda de eletroeletrônicos para cima e para a direita, e a curva de oferta desses bens, para baixo e para a esquerda”.

7) PROVÃO [2000 – nº 3] - Suponha três bens normais: X, Y e Z. Os bens X e Y são substitutos, enquanto os bens Y e Z são complementares. Considerando tudo o mais constante, um aumento do preço de X provocará redução na quantidade transacionada de:
A) X e também redução na de Y.
B) X e também redução na de Z.
C) X e aumento na de Z.
D) Y e aumento na de X.
E) Y e aumento na de Z.

8) Quais dos seguintes pares são incompatíveis?

a) perfeita competição – muitos vendedores.
b) monopsônio – um único comprador
c) monopólio – um único vendedor de um bem com substitutos próximos.
d) oligopólio – poucas firmas vendendo produtos que são substitutos próximos.
e) concorrência monopolística – produtos diferenciados.

9) Com respeito a oferta e demanda, faça as questões a seguir:
a) Desenhe uma curva de oferta e demanda para um determinado bem.
b) Cite dois fatores que podem deslocar a curva oferta e dois que podem deslocar a curva de demanda. Represente graficamente.
c) Suponha que estando o mercado em equilíbrio a curva de demanda se desloque para direita, aumentando preço e quantidade de equilíbrio. Que medida o Governo poderia adotar para fazer com que os preços voltem para o nível inicial?

18 de setembro de 2008

Resenha do livro "O que é leitura" Obrigada colega joyce!

Resenha do livro "O que é leitura"
Martins, Maria Helena. O que é leitura. In: Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1994, pág. 7 a 93.
A leitura se faz de várias maneiras. A primeira leitura que executamos é a da primeira infância, que está representada pelo tato, olfato, audição e visão. Esta leitura é natural, mas não deixa de ser exigente e complexa, pois exige interpretação.
Para ler bem é necessário o ato de ler sozinho associado à leitura através dos olhos de outros, é necessário também viver, sofrer, enfim, experimentar. A leitura é prejudicada pela carência de convívio humano e pela pobreza material e cultural. Estas são as principais causas de uma pessoa desfavorecida não fixar um conteúdo de uma leitura. A pessoa carente não possui um leque de interesses amplo. A memória exige interesse para fixar-se e pode ser prejudicada também por um mecanismo de defesa da pessoa, pois ler significa transformar, enfrentar, e estas ações podem causar frustrações maiores que a de não poder ler através dos signos lingüísticos.
Ler não é somente um ato mecânico de passar os olhos sobre as letras. Ler exige uma leitura anterior, que é a leitura de mundo (experiências vividas ou vistas), ou seja, bagagem. A boa leitura é aquela que decodificando um texto associa-o às experiências de vida, que produzem intertextualidade, ligações entre mundos, obtendo-se ferramentas para modificar a realidade. A boa leitura causa prazer e otimismo, pois gera poder de ruptura. A leitura está intimamente ligada à decodificação da escrita, embora não seja apenas isso.
Antigamente, saber ler escrever, entre os romanos, significava inserir-se na sociedade. Saber ler era privilégio da minoria. O método utilizado para aprender a ler e escrever era bastante rígido. Apelava-se para o “decoreba” do alfabeto, depois a pessoa o soletrava, e logo em seguida decodificava palavras isoladas até fazer isso com textos maiores. Mesmo depois de tantos anos, as coisas atualmente não estão muito diferentes.
As práticas de decorebas e métodos ultrapassados continuam sendo usados por muitos educadores. A prática mecânica continua bastante vigente. Muitas pessoas se contentam em apenas saber decodificar as palavras, não se importando em interpretar também o mundo. Talvez, seja daí que tenha surgido a mistificação do hábito de ler. Somente a minoria que é eficientemente letrada cabe o direito de dar sentido ao mundo, enquanto que ao restante resta a submissão aos que “sabem de todas as coisas”. Sendo assim, a “cultura do silêncio” tende a permanecer. Se for o educador aquele que sabe, e os educandos aqueles que nada sabem, cabe ao educador transmitir o seu saber aos segundos. Em busca de prováveis soluções para esses problemas, muitos educadores passaram a proclamar a necessidade da constituição do hábito de ler.
A leitura, já que é mais do que apenas decodificar palavras, passa a ser uma ponta para um eficiente processo educacional. Mas existe uma “crise da leitura”, que é um grande entrave. Essa crise é proveniente da não leitura de livros, já que a maioria das crianças não tem o hábito de ler livros freqüentemente. O Brasil deixa muito a desejar quanto à publicação de material impresso. Quanto às bibliotecas, o mesmo. Mas esse cenário tem mudado ultimamente, a oferta vem aumentando, e o volume de exemplares cresce a cada dia, embora a crise seja um pouco mais complexa. O ato de ler também envolve os sentidos, as emoções e a razão. Existem três níveis de leitura, que são a sensorial, a racional e a emocional. Cada uma corresponde a um modo de aproximação ao objeto lido. A leitura racional alimenta o caráter reflexivo e dialético e complementa a leitura sensorial e emocional fazendo com que haja uma ponte entre o leitor e o conhecimento. Na leitura emocional, o leitor é envolvido pelos sentimentos despertados pelo texto, sua atitude tende ao irracional. A leitura sensorial é a primeira etapa da leitura, é o contato visual, tátil com o texto. Não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis. É muito difícil realizar uma leitura apenas sensorial, emocional ou racional, pelo fato de ser próprio da condição humana relacionar sensação, emoção e razão, tanto na tentativa de se expressar como na busca de sentido, compreender a si próprio e o mundo. Tão importante quanto à leitura é a releitura que traz muitos benefícios e oferece subsídios consideráveis, principalmente a nível racional. Ela nos encaminha para uma outra percepção de detalhes para uma melhor compreensão.
http://tuxdaengenharia.blogspot.com/2006/04/resenha-do-livro-o-que-leitura.html


O que é leitura - aula 01
O que é leitura???
O ato de ler geralmente é relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra.
Mas é só isso? Basta decifrar palavras para acontecer a leitura?
Como explicar expressões de uso corrente como, por exemplo, “fazer a leitura” de um gesto? Ler a mão?
Se alguém na rua me dá um encontrão… minha reação é uma leitura ou não?
Mais uma pergunta: a leitura é única? Sempre será igual? Toda vez que ler alguma coisa vou interpretar sempre do mesmo jeito?
* Todo ato será lido sempre da mesma forma?
Com o tempo as coisas não fazem sentido diferente para nós? Passamos a enxergar sob um novo ângulo…
Com o tempo se descobre o sentido, um novo modo de ver a mesma coisa… É quase como se fosse uma revelação.
Com freqüência nos contentamos, por economia ou preguiça, em ler superficialmente, “passar os olhos”, como se diz.
Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais.
Interessante é que geralmente reagimos assim ao que não nos interessa no momento – um discurso político, uma conversa, uma aula expositiva, um quadro, um livro uma música…
A tendência natural é ignorar, rejeitar como nada tendo a ver com a gente.
O problema é que quando não lemos, não o compreendemos, torna-se impossível dar um sentido aquilo… porque diz muito pouco – ou nada – para nós.

COMO E QUANDO COMEÇAMOS A LER
Desde os nossos primeiros contatos com o mundo – tão logo nascemos – começamos a ler. Como isso acontece?
É neste contato com o mundo externo que começamos a compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses são também os primeiros passamos para aprender a ler.
Para entender melhor essa idéia, Paulo Freire diz o seguinte: “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se de educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Na prática, ninguém ensina ninguém a ler; o aprendizado é solitário – embora se desencadeie e se desenvolva na convivência com o mundo.
Isso quer dizer que, mesmo precisando dos professores, temos condições de fazer uma série de coisas sozinhos.
Na prática, aprendemos a ler lendo. Maria Helena Martins diz que “vivendo” – ou seja, depende do quê lê – do que experimenta na relação com o mundo.
Aprendizado do Tarzan…
Aprendizado de Jean Paul Sarte…
Embora o aprendizado, o desenvolvimento da capacidade de leitura possa ser algo mais complexo, ambas experiências evidenciam a curiosidade se transformando em necessidade e esforço para alimentar o imaginário. Ou seja, a necessidade de desvendar os segredos do mundo e dar a conhecer o leitor a si mesmo através do que lê e como lê.
Muito da nossa capacidade de leitura se dá pela motivação em ler. O que quero dizer com isso?
* Algo muito simples: quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações reais, coisas que a realidade nos impõe, procuramos estabelecer conexão com as experiências e a tentar resolver os problemas apresentados.
O ato de ler e escrever têm sido valorizados. Entretanto, muitas vezes têm se transformado num instrumento de poder pelos dominadores – mas também pode vir a ser a liberação dos dominados.
Muitos não querem desenvolver a capacidade de uma leitura crítica, racional. Preferem o comodismo. Acham melhor não entender, por isso significa uma ruptura com a passividade – talvez por lhe causar maiores frustrações em face da realidade.
O problema é que o não querer ler vem ao encontro dos interesses das minorias dominantes.
Ampliando a noção de leitura - 02
Como vimos, o conceito de leitura está geralmente ligado à decifração da escrita – ler e escrever.
Mas é muito mais que isso… está ligado ao processo de formação do indivíduo, à sua capacidade para o convívio e atuações social, política, econômica e cultural.
Já, no passado, entre os gregos e romanos era assim.
Ler e escrever, ligado a idéia de homens livres… estar integrado efetivamente à sociedade – à classe dos homens efetivamente livres.
O problema é que, semelhante ao passado, ainda hoje ler e escrever não é privilégio de todos.
Porém, capacidade de leitura vai muito além da decifração dos signos… fato nem sempre compreendido por muitos educadores.
Tem-se a pedagogia do sacrifício, já que não se sabe colocar o porquê, como, para quê… As pessoas não sabem a verdadeira função da leitura.
Também é sabido que uma vez alfabetizada, a maioria das pessoas, limita-se à leitura com fins específicos (profissionais, etc.).
Ignora-se que ler significa inteirar-se do mundo – uma forma de conquistar autonomia, de deixar de “ler pelos olhos dos outros”.
Sem investir na leitura, permite-se assim que o mundo seja visto pelos olhos dos outros (dominação).
Cabe a minoria dar sentido ao mundo.
A libertação do ser humano passa pela sua capacidade de leitura (e não apenas da leitura de textos).
Nosso tempo é o da cultura de massa – isso implica em manipulação e consumo.
Fala-se muito hoje em crise da leitura. Mas que crise?
Essa idéia nasce nos bancos escolares… contato com livros, geralmente, dados nos manuais escolares…
Textos condensados da escola… nem sempre cultivam o hábito de ler… geralmente alimentam mais a ignorância, inibem mais do que incentivam o gosto de ler.
Há um receio do diálogo franco e crítico entre o professor e aluno… bloqueando oportunidades raras de leituras efetivas.
É verdade que falta acesso a livros… (bibliotecas, livros caros, salários baixos, qualidade questionável).
Hoje, isso não é uma verdade… Há livros.
Por isso, a questão é mais ampla. Volta-se à instituição escolar. E vem ainda dos jesuítas… formação livresca, defasada em relação à realidade…
Temos uma elitização da cultura… Um interesse vivo de manter o conhecimento restrito a apenas alguns…
Por isso, cabe ao indivíduo romper com essa prática.
Do contrário, crianças e jovens vão envelhecer sem a chance de crescer.
Observação: Contra-senso insistir na leitura, restringindo-a aos livros.
A verdadeira leitura deve propiciar descobertas… formação da consciência. Ampliar a noção da leitura é ampliar a visão de mundo e da cultura (as noções que se têm geralmente ligadas às noções impostas pelas instituições).
Precisamos compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas…
A verdadeira leitura só tem sentido quando as relações humanas são compreendidas e pode-se transferir o que está sendo lido a essas relações.
Portanto, leitura não é mera decodificação (embora seja necessário decodificar o código-signo).
Leitura é um processo dinâmico de compreensão, e passa por componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos… culturais, econômicos.
Leitura é decodificação e compreensão. O que seria decodificar? O que seria compreender?
Não é só a capacidade de decifrar sinais, mas principalmente dar sentido a eles.
Decodificar sem compreender é inútil – e o inverso também é verdadeiro.
A leitura começa antes do texto e vai além dele… leitor tem um papel atuante.
Leitura se dá a partir do diálogo do leitor com o objeto lido… mas considerar a leitura apenas como resultado dessa interação seria reduzi-la consideravelmente.
Por isso, aprender a ler significa também ler o mundo… é dar sentido ao mundo e também a nós.
Os sentidos, as emoções e a razão - 03
O propósito é compreender a leitura… não é dar uma receita ou chegar a conceituações.
O leitor pouco se detém no funcionamento do ato de ler, na intricada trama de inter-relações que se estabelecem.
Há três níveis de leitura… sensorial, emocional e racional.
Esses três níveis são inter-relacionados – mesmo um nível ou outro sendo privilegiado.
Como dissemos, cada pessoa reage a um estímulo de seu próprio modo; irá ler a seu modo.
(Exemplo: você vai ao shopping. Como você age? Há produtos que encantam… ignoram…)
Com a leitura acontece a mesma coisa. Por isso, a leitura tem mais sutilezas e mistérios do que a simples decodificação das palavras escritas. Tem também um lado de simplicidade que os letrados não se preocupam em revelar.
SENSORIAL – relaciona-se diretamente com os nossos sentidos (a visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto/paladar).
Representa as nossas respostas imediatas às exigências e ofertas que esse mundo apresenta.
Relaciona-se com as nossas primeiras escolhas e motiva as primeiras revelações. Por isso mesmo, marcantes.
É através dessa leitura que vamos nos revelando para nós mesmos. (Descoberta das coisas agradáveis; rejeição das desagradáveis).
Ela vai dando a conhecer o leitor do que ele gosta e do que não gosta… mesmo inconscientemente e sem a necessidade de racionalizações.
Leitura sensorial começa muito cedo e nos acompanha por toda a vida.
Na criança, essa leitura, através dos sentidos, apresenta/revela um prazer singular (maior que a do adulto) e curiosidade (mais espontânea).
Vejamos, por exemplo, a relação de uma criança com um livro. Como se dá a leitura sensorial?
Antes de ser um texto escrito, um livro é um objeto. Tem forma, cor, textura…
Esse jogo com o universo escondido do livro vai estimular na criança o aprimoramento e o desenvolvimento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação e reação ao mundo.
Já os adultos tendem a uma postura mais inibida – em relação ao livro e também outros objetos passíveis de leitura.
Isto acontece até em função do culto ao livro… status adquirido.
Interessante é que, mesmo com o advento de outras formas de comunicação (rádio, tevê, Internet, etc.), o culto ao livro foi acentuado.
Esse raciocínio alimentado por letrados e intelectuais ajuda a sustentar o culto à letra e aos livros.
Isto ocorre porque ajuda a manter o sistema de dominação. Explicando… os possuidores da palavra escrita possuem uma aura mística / leva os demais à submissão.
Exemplo: censura por parte dos governos; no passado, censura da igreja, etc.
Voltando à questão do nível sensorial, por conta da importância que tem os nossos sentidos para a atração ou rejeição ao livro, a aparência de um livro é fundamental (impressiona bem ou mal – inclusive, a diagramação).
Racionalistas dirão: o importante é o que está escrito.
É verdade, mas num primeiro momento o que conta é a nossa resposta física aos sentidos – a impressão de nossos sentidos sobre aquilo que nos cerca.
Só que aquela primeira impressão passa. O que era bonito fica feio… Assim, quando uma leitura nos faz ficar alegres ou deprimidos, desperta a curiosidade, estimula a fantasia, provoca lembranças, etc., estamos entrando noutra área. Significa que deixamos de ler com os sentidos para ler também no nível emocional.
EMOCIONAL – a leitura emocional também tem seu teor de inferioridade… implica falta de objetividade, subjetivismo.
No terreno das emoções, as coisas ficam ininteligíveis.
Possuem relação direta com o nosso inconsciente.
A leitura emocional tem aspectos curiosos. Por exemplo, certas coisas têm o poder de libertar nossas emoções; levam-nos a outros tempos e lugares. (Lugares, cheiros, músicas… provocam lembranças, sentimentos…)
Diante disso, muitas vezes, quando nos percebemos dominados pelos sentimentos, nossa reação tende a ser negá-los (Freud explica como mecanismo de defesa).
Por tudo isso, tentamos escamotear ou justificar uma leitura emocional. Mas por que negar?
Por um lado, não queremos parecer comuns (queremos parecer donos de nossos sentimentos… conduta pré-fabricada…. queremos apresentar personalidade); por outro, somos intolerantes a manifestações que fogem aquilo que chamamos de reação equilibrada.
Ocorre também lembranças mais prosaicas, desagradáveis. Leitura para uma prova, por exemplo. Se for algo que não nos agradou, pode sempre remeter-nos à lembranças desagradáveis.
Isso também pode acontecer em relação a pessoas, lugares…?
No nível emocional, é preciso pensar a leitura como algo que provoca – ou não – empatia (participação afetiva – às vezes, até nos sentimos na pele do personagem).
Neste contexto, é preciso pensar o texto não mais como algo que o leitor sente, mas como algo que acontece com o leitor – o que ele faz, provoca em nós.
Às vezes, temos uma semiconsciência de estarmos lendo algo medíocre, mas gostamos; outras, algo importante, mas nos desagrada. Temos uma ligação inexplicável, irracional com o objeto de leitura.
Há explicações para isso. Geralmente tem a ver com a formação e o condicionamento ideológico.
Essas aparentes predileções ou rejeições são explicadas pelo universo social e individual de cada um.
Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por se assemelhar à imagem que o leitor faz de si… ou o contrário, quando sente-se atraído pelo oposto.
Mesmo quando começa a ter uma leitura consciente, em alguns momentos, há recaídas. Isto se explica por causa da criança que ainda está dentro de nós… ela se emerge e possibilita essas recaídas.
E quanto às fotonovelas, mundo-cão? Há todo um processo de identificação com o público. Geralmente ligado às frustrações e angústias de cada leitor.
(Processo catártico – se há agruras na vida, há outros piores que eu. Por outro lado, há aqueles que alimentam a ilusão de tirar “o pé da lama”).
Exemplo: investigação de leituras de operárias na cidade de São Paulo (revistas sentimentais). Resultado: busca de uma compensação.
Este nível de leitura é bastante interessante do ponto de vista investigativo, porque possibilita a identificação do universo social e do inconsciente individual.
Também se trata de uma leitura de passatempo, já que representa uma leitura de evasão. Onde o leitor permite-se desligar das circunstâncias concretas e imediatas.
Esta a razão pela qual não se pode simplesmente imputar à leitura emocional a característica de alienante.
Este é um modo encontrado para extravasar emoções, satisfazer curiosidades e alimentar as fantasias (às vezes, válvula de escape).
Importante é entender que tudo que lemos e a forma que lemos é resultado de nossa visão de mundo.
Problema: sempre há uma intencionalidade na criação. Permitir-se a leitura passiva, deixar-se envolver pela ideologia expressa são alguns problemas da leitura emocional.
Por fim, importa considerar o quanto em geral reprimimos e desconsideramos a leitura emocional, muito em função de uma pretensa atitude intelectual.
É comum as pessoas se deixarem envolver emocionalmente – isso só, não é bom.
A convivência social, cultural e política nos ajuda a caminhar para um outro tipo de leitura – a racional.
Leitura racional - 04
Leitura racional – para muitos só agora estaríamos no âmbito do status letrado, próprio da verdadeira capacidade de produzir e apreciar a linguagem, em especial a artística.
Enfim, leitura é coisa séria, dizem os intelectuais.
Para muitos, relacionar a leitura às nossas experiências sensoriais e emocionais é reduzir a leitura, revela ignorância.
Essa a postura intelectualizada e dominante – mantida por uma elite.
Obviamente, faz-se necessário distinguir essa idéia de intelectuais que estamos utilizando em nossa aula.
Entre outras coisas, esse tipo de intelectualismo limita a leitura à noção do texto escrito, pressupondo educação formal e certo grau de cultura e erudição do leitor.
Nós estamos vendo a leitura como um processo de compreensão abrangente, no qual o leitor participa com todas as suas capacidade a fim de apreender as mais diversas formas de expressão.
Nossa proposta é observar a competência para criar ou ler tanto por meio de textos escritos quanto de expressão oral, música, artes plásticas, artes dramáticas, realidades cotidianas etc.
Também não estamos restringindo a leitura a atos de caráter científico, artístico… enfim, eruditos.
Então, a leitura racional é intelectual quando elaborada por nosso intelecto – estamos falando de um processo eminentemente reflexivo, dialético.
Ou seja, ao mesmo tempo que o leitor sai de si, em busca da realidade do texto lido, sua percepção implica uma volta à sua experiência pessoal e uma visão da própria história do texto, estabelecendo um diálogo entre o texto e o leitor com o contexto no qual a leitura se realiza.
Isso implica dizer que os demais níveis de leitura são válidos. Entretanto, a leitura racional acrescenta o fato de estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento.
A leitura racional implica em reflexão, em atribuir significado ao texto e questionar tanto a própria individualidade como o universo das relações sociais.
A autora Maria Helena Martins cita um exemplo da professora Marilena Chauí que ajuda a compreender essa questão. Exemplo: estatueta de barro nordestina representando uma fábrica de farinha de mandioca.
(faxineira – a estatueta era para ela a reprodução de algo concreto e memória. Ela contemplava a estatueta, mas sua contemplação e a da professora Marilena nada tinham em comum).
(havia uma obra e dois destinatários – uma via a obra e o outro nada via).
Não significa necessariamente que haja uma leitura verdadeira e a outra errada.O episódio e sua reflexão exemplificam o quanto significam para a leitura a história, a memória do leitor e as circunstâncias do ato de ler.
O relato ainda coloca por terra a ilusão de que só os intelectuais têm condições de assimilar certas formas de expressão, especialmente a estética.
Freqüentemente confunde-se a leitura racional com a investigação de um texto, com o exame de sua estrutura interna enquanto sistema de relações que o compõem…
Esse tipo de leitura, sem conectar o texto com o mundo e com as experiências do leitor, elimina a dinâmica da relação leitor-texto-contexto, limitando consideravelmente a compreensão maior do objeto lido.
A leitura racional difere das outras formas de leitura porque, por exemplo, diferente da leitura sensorial, permite conhecer o texto sem apenas senti-lo.
Já na leitura emocional, o leitor se deixa envolver pelos sentimentos que o texto desperta.
Na leitura racional o leitor visa mais o texto, tem em mira a indagação; quer mais compreendê-lo, dialogar com ele.
A leitura racional é algo exigente, pois implica no desprendimento do leitor, em vontade de aprender, num processo de criação.
Essa leitura requer um esforço especial; não pode simplesmente querer se apropriar do texto ou aceitá-lo passivamente.
A leitura racional é estabelecida a partir da quantidade de leituras feitas ao longo da vida.
Por exemplo, quem leu um único romance, pode ter opinião sobre literatura de ficção. Mas não tem parâmetro para julgar se é um bom livro.
Portanto, ao se ampliares as fronteiras do conhecimento, as exigências, as necessidades e interesses também aumentam… As possibilidades de leitura de qualquer texto multiplicam-se.
O intercâmbio de experiências de leituras desmistifica a escrita, o livro, levando-nos a compreendê-los e apreciá-los de modo mais natural… tornando-nos leitores efetivos nas inúmeras mensagens do universo em que vivemos.
A leitura racional é feita a partir do preparo do leitor e também das pistas deixadas pelo texto.
Todo texto conta alguma coisa… nada é gratuito; tudo tem sentido – é fruto de uma intenção consciente ou inconsciente.
A leitura racional se dá a partir do reconhecimento dos indícios textuais.
Aprendemos a ler esses indícios à medida que nossas experiências de leitura se sucedem… começamos a perceber como são construídos… a intenção do autor…
No entanto, mesmo sabendo como e porque são armados os indícios não quer dizer que o texto se torne transparente para nós (sempre haverá ambigüidades…).
A INTERAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEITURA
Não há uma hierarquia entre os níveis de leitura. Entretanto, a tendência é de que a leitura sensorial anteceda a emocional e tenhamos, por fim, a leitura racional.
Também não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis.
Curioso é que mesmo que o leitor esteja se propondo uma leitura a um certo nível, é a dinâmica de sua relação com o texto que vai determinar o nível predominante.
Salientamos que, há tantas leituras quantos são os leitores – há também uma nova leitura a cada aproximação do leitor com um mesmo texto (ainda quando mínimas as suas variações).
A LEITURA AO JEITO DE CADA LEITOR
Para se efetivar, a leitura precisa preencher uma lacuna em nossa vida, vir ao encontro de uma necessidade (vontade de conhecer mais).
A isso se acrescentam os estímulos e os percalços do mundo exterior, suas exigências e recompensas.
Concluindo, a leitura mais cedo ou mais tarde sempre acontece, desde que se queira realmente ler.

http://fundamentos2007.wordpress.com/2007/06/12/o-que-e-leitura-aula-01/











Resenha do livro "O Que é Leitura" (Maria Helena Martins)

Leitura é a fonte do conhecimento e sabedoria. No qual o leitor se torna informado dos acontecimentos.Ler é uma das competências mais importantes. Não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante.
Num texto existem vários níveis de leitura. Sensorial que é a forma de transmitir um aspecto de sensação, despertando assim o interesse do leitor; a emocional que tem como objetivo emocionar o leitor, fazendo envolver-se nos sentimentos, sofrimentos e alegrias e a racional que tem a finalidade de levar o leitor a fazer uma proposta crítica do texto.
Verdade é que ninguém ensina a ninguém a ler. Este processo desenvolve conforme o esforço de cada um. A falta da leitura trás frustrações e dependência de outro ser humano. Percebemos que o conceito de leitura é muito amplo e complexo. Para entender o conceito de leitura, não basta somente procurar no dicionário o significado da palavra, pois ler envolve uma série de práticas e experiências. Portanto faz-se necessário considerar diversos aspectos, tais como: a idade do leitor, suas necessidades de leitura, seus gestos, sua habilidade, maneira de ler, instrumentos, apropriação e processos de interpretação, enfim, ler é considerar aquilo que envolve o, mundo do leitor.
Em síntese, os conceitos de leitura são muitos e variam conforme as perspectivas teóricas e seus campos de atuação. Portanto para aqueles que consideram a leitura como ato de decodificar sinais gráficos, ou seja, um ato mecânico, a leitura poderá se tornar uma prática sem vida e sem alma, mas se, em vez disso, considerar como leitura suas experiências e vivências, a leitura se tornará uma prática muito mais ampla e viva, na qual o pulsar das informações baterá no mesmo ritmo das emoções.
A leitura é uma atividade extremamente importante para o homem civilizado. Ela pode atender a finalidade diferentes; sendo um precioso meio para uma grande fonte de informações. Ela é uma atividade básica na formação cultural da pessoa. Além disso, é uma excelente atividade de lazer.
Ler é benéfico a saúde mental, pois é uma atividade Neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.
Ler é essencial. Através da leitura, testamos os nossos próprios valores e experiências com as dos outros. No final de cada livro ficamos, enriquecidas com novas experiências, novas idéias, novas pessoas. Eventualmente, ficaremos a conhecer melhor o mundo e um pouco melhor de nós próprios.
Ler é estimulante. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Os livros partilham sentimentos e pensamentos, feitios e interesses. Os livros colocam-nos em outros tempos, outros lugares, outras culturas. Eles ajudam-nos a sonhar, fazem-nos pensar.
Vivemos num mundo contemporâneo na qual as palavras rascunhadas no papel não tem muito valor. A literatura hoje é recurso dos mais ricos, sendo que os mais pobres, até possuem este recurso, porém não é explorado de forma adequada. Dessa forma, a literatura contemporâneo se transformou num produto de elite, e aqueles que não tem acesso ou simplesmente não tem gosto de ler são deixados de lado.
Portanto, é de suma importância desenvolver em nós uma cultura de leitura, pois só assim seremos aprendizes e formadores de opinião em todo ambiente social e democrático que estivermos.
http://asperolasdaucg.blogspot.com/2006/04/resenha-do-livro-o-que-leitura-maria.html








Entender que o ato de ler


Quando ouvimos falar em leitura, logo vem a cabeça, ler um livro, uma revista, um jornal... Será que leitura só se resume a isto? Precisamos entender que o ato de ler vai muito além de uma simples leitura, necessitamos ter maior clareza ao analisar obras literárias, precisamos perceber realmente o que está escrito, precisamos fazer leituras criticas, e não apenas leitura de palavras, temos que aprender a fazer leitura de situações, sejam elas, políticas, econômicas ou sociais, e não esquecendo da leitura "áudio visual", aquela que esta em sua frente, na sua televisão. Para que possamos buscar o ápice da leitura, necessitamos de qualificação dos trabalhadores da educação, necessitamos de professores comprometidos em ensinar aos alunos, isso desde as séries iniciais, a perceber que a leitura é realmente importante, e não dar brecha ao famoso "decoreba".
Sem querer conceituar ou definir, mas discutir de o porquê da leitura, o livro nos apresenta três níveis de leitura que se relacionam, sem hierarquia, ao mesmo tempo, são eles: sensorial, emocional e racional. O nível sensorial traduz no primeiro contato com o texto ou situação. O nível emocional nos leva a interpretação subjetiva que o nível sensorial nos trouxe, enquanto que o nível racional busca a interpretação correta, a objetividade dentro da situação ou texto em leitura.
A autora nos chama para o novo mundo da leitura, se você não gosta de ler, nunca e tarde para buscar esta arte, até porque, várias pessoas que não gostavam de ler, hoje são escritores.

http://frankboniek.blogspot.com/2008/07/o-que-leitura.html

15 de setembro de 2008

AULA DE TGA 1 NUMERO: 6

.ABORDAGEM ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAÇÃO

· No início do século XX, Max Weber, publicou uma extensa bibliografia a respeito das grandes organizações de sua época.

· Aos estudos de Weber deu-se o nome de Burocracia.

· A burocracia surgiu a partir da era vitoriana com conseqüência da necessidade que a organização sentiram de ordem, exatidão e das reivindicações dos indivíduos por tratamento justo e imparcial.

· O modelo burocrático da organização surgiu como uma reação contra a crueldade e nepotismo e contra os julgamentos tendenciosos e parcialistas, típicos das práticas administrativas, desumanas e injustas do início da Revolução Industrial.

MODELO BUROCRÁTICO DE ORGANIZAÇÃO

· A falta de uma teoria sólida, abrangente e que servisse de orientação para o trabalho do Administrador, fez com que estudiosos buscassem nas obras de Max Weber a inspiração para uma nova teoria da organização, surgindo assim a Teoria da Burocracia da Administração.

· Origem da Teoria da Burocracia:
Ø a necessidade de um enfoque mais amplo e completo
Ø a necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas
Ø o crescente tamanho e complexidade das empresas, passa a exigir modelos organizacionais mais definidos
Ø o homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada exatamente, muito minuciosamente e, em hipótese alguma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho.

· A burocracia é uma forma de organização humana e que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos fins pretendidos, garantindo a máxima eficiência no alcance dos objetivos.



· O capitalismo, a burocracia e a ciência moderna constituem três formas de racionalidade.*

· Weber não considerou a burocracia como um sistema social, mas principalmente com um tipo de poder.

· Para descrever melhor seu pensamento, Weber estuda os tipos de sociedade e autoridade.


TEORIA DA BUROCRACIA
TIPOS DE SOCIEDADE
· Weber aponta três tipos de sociedade:
1ª) sociedade tradicional: predomínio patriarcal e patrimonial, como a família, o clã, a sociedade medieval etc;
2ª) sociedade carismática: predomínio das características místicas, arbitrárias e personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução etc;
3ª) sociedade legal, racional ou burocrática: domínio das normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos etc;

TIPOS DE AUTORIDADE
· Para cada tipo de sociedade, segundo Weber, haverá um tipo de autoridade.
· Autoridade: é a probabilidade de quem um comando ou ordem específica seja obedecida e ao mesmo tempo representa o poder institucionalizado e oficializado.
· Poder: potencial para exercer influência sobre as outras pessoas e que para Weber, significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra alguma resistência. Portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte de uma pessoa sobre a conduta das outras.
· A autoridade proporciona o poder, ou seja, ter autoridade é ter poder.
· O contrário nem sempre é uma verdade, pois ter poder nem sempre é ter autoridade.
· A autoridade – e o poder dela decorrente – depende da legitimidade, que é a capacidade de justificar seu exercício.
· Legitimidade: é o motivo que explica por que um determinado número de pessoas obedece às ordens de alguém, conferindo-lhe poder. Essa aceitação, essa justificação do poder é que Weber chama de legitimação.
· A autoridade é legítima quando é aceita. Se a autoridade proporciona poder, este conduz à dominação.
· Dominação: a vontade manifesta do dominador (ordem) influencia a conduta dos outros (dominados) de tal maneira que o conteúdo da ordem, por si mesma, é obedecida pelos subordinados.
· A dominação é uma relação de poder na qual o dominador acredita ter o direito de exercer o poder e os dominados consideram como sua obrigação obedecer-lhe as ordens.
· A dominação precisa de um apoio administrativo, quer dizer que existe a necessidade de um pessoal administrativo para executar as ordens e servir como ponto de ligação entre o governo e os governados.
· Para Mouzelis, a legitimação e o aparato administrativo constituem os dois principais critérios para a tipologia weberiana.

AUTORIDADE TRADICIONAL
· É a aceitação das ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas.
· O domínio patriarcal do pai de família, do chefe do clã, os mandamentos do rei representam o tipo mais puro de autoridade tradicional.
· O poder tradicional não é racional, pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador.
· Toda mudança social significa um rompimento mais ou menos violento das tradições e que pode ocorrer em certos tipos de empresas familiares mais fechadas.
· A legitimação vem da crença no passado eterno, na justiça e na pertinência da maneira tradicional de agir.
· O líder tradicional é o senhor, que comanda em função de seu status de herdeiro ou sucessor.
· A dominação tradicional – típica da sociedade patriarcal – quando se atinge um grande número de pessoas e um grande território, pode assumir duas formas de aparato administrativo para garantir a sobrevivência:
1ª) forma patrimonial: os funcionários são servidores pessoais do senhor – parentes, favoritos etc. – e são geralmente dependentes economicamente dele;
2ª) forma feudal: apresenta maior grau de autonomia com relação ao senhor, pois são aliados e lhe prestam um juramento de fidelidade. Dispõem de seus próprios domínios administrativos e não dependem tanto do senhor no que diz respeito a remuneração e subsistência.



AUTORIDADE CARISMÁTICA
· As pessoas aceitam as ordens do superior como justificadas, por influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam.
· Carisma é um termo usado com sentido religioso, significando o dom gratuito de Deus, estado de graça etc.
· Weber usa o termo com sentido de uma qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa.
· Os grandes líderes políticos como Hitler, Kennedy, Gandi, Madre Tereza, Henfil, Jânio Quadros, Getúlio Vargas etc., a capitães de indústria, como o Matarazzo, Ford.
· O poder carismático também não tem base racional, é instável e facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser delegado, nem recebido em herança, como o tradicional.
· O líder se impõe por ser alguém fora do comum, possuidor de habilidades mágicas ou revelações de heroísmo ou poder mental de locução e não devido à sua posição ou hierarquia.
· É uma autoridade baseada na devoção afetiva e pessoal e no arrebatamento emocional dos seguidores em relação à sua pessoa.
· Aqui a legitimação da autoridade provém das características pessoais carismáticas do líder e da devoção e arrebatamento que consegue impor aos seguidores.
· O aparato administrativo envolve um grande número de seguidores, constituído de discípulos e subordinados mais leais e devotados.
· O pessoal administrativo é selecionado segundo a confiança que o líder deposita nos subordinados.
· Se o subordinado deixa de merecer a confiança do líder, ele passa a ser substituído por outro mais confiável. Daí a inconstância e instabilidade do aparato administrativo na dominação carismática.

AUTORIDADE LEGAL, RACIONAL OU BUROCRÁTICA
· Quando as pessoas aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando.
· È uma autoridade técnica, meritocrática, administrada e ao mesmo tempo promulgada.
· O comando é eleito e exerce a autoridade sobre os comandados, baseado em normas e leis. A obediência não é devida a algumas pessoas em si, seja por suas qualidades pessoais excepcionais ou pela tradição, mas a um conjunto de regras e regulamentos legais previamente estabelecidos.
· A legitimidade do poder baseia-se em normas legais racionalmente definidas.
· A crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação.
· A pessoas obedecem à leis e normas porque acreditam que elas são decretadas por um procedimento escolhido tanto pelos indivíduos como pelos que comandam.
· Aqui o governante é uma pessoa que alcançou tal posição por procedimentos legais como nomeação, eleição, concurso etc. e é em virtude de sua posição que ele exerce o poder dentro de limites fixados pelas regras e regulamentos sancionados legalmente.
· O aparato administrativo é a burocracia e tem seu fundamento nas leis e na ordem legal.
· A posição dos funcionários (burocratas) e suas relações com o governante, os governados e seus próprios colegas burocratas são definidas por regras impessoais e escritas.
· A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes organizações.

Aula extraída do capítulo 11 – Introdução à Teoria Geral da Administração - Chiavenato.

AULA DE TGA 1 NUMERO: 7

ABORDAGEM HUMANÍSTICA

§ Com a Abordagem Humanística - AH, a TC sobre uma reviravolta no seu conceito: a transferência da ênfase na tarefa e na estrutura organizacional para a ênfase nas pessoas que trabalham ou que participam nas organizações.

§ Começa-se a preocupar com os aspectos psicológicos e sociológicos, deixando os técnicos e formais de lado.

§ AH ocorre com o surgimento da Teoria das Relações Humanas - TRH, nos EUA, a partir da década de 30.

§ O desenvolvimento das ciências sociais, como a psicologia, e, em particular, a psicologia do trabalho, fortalece a TRH.

§ A psicologia do trabalho estava voltada para dois aspectos básicos:
1. a análise do trabalho e a adaptação do indivíduo ao trabalho – verificava as características das pessoas que cada tarefa exigia do seu executante e a seleção científica dos empregados baseada nessas características. Surge a seleção de pessoal, a orientação profissional, os métodos de aprendizagem e de trabalho, a fisiologia do trabalho, o estudo dos acidentes e da fadiga;

2. a adaptação do trabalho ao trabalhador – atenção aos aspectos individuais e sociais do trabalho, com a predominância desses aspectos sobre o produtivo. Verificou-se a personalidade do trabalhador e do chefe, da motivação e dos incentivos do trabalho, da liderança, das comunicações, das relações interpessoais e sociais dentro da organização.

§ Para a psicologia do trabalho existem dois fatores principais em qualquer atividade laborativa: o fator humano e o fator material, considerando como inseparáveis e complementares o aspecto produtivo e pessoal.

§ Com o aparecimento dos métodos de Taylor, a introdução de normas e métodos científicos foi longa e difícil e encontrou uma recusa declarada por parte do indivíduo, que se traduziu por uma queda de produtividade – resistência à mudança.

§ A grande depressão (1930) contribuiu para que o movimento taylorista perdesse espaço, e neste momento a AH, que considera o fator essencial da motivação do trabalhador o grau em que ele se beneficia de relações satisfatórias com os outros membros de seu grupo de trabalho.

§ Além do mais, as modificações que ocorreram no panorama social, econômico, político, tecnológico trouxeram novas variáveis para o estudo da administração. Ex: a troca de governos totalitarista por um governo democrático.

§ Com o desenvolvimento dos transportes e comunicação chega-se a um só mundo: a aldeia global.

§ As ligações entre países e uma certa dependência levam a uma constante busca de dominação e liderança em todos os aspectos.

§ Em 1929 acontece o desastre na bolsa de valores de NY, com repercussão no mundo, fazendo com que as atividades nas organizações fossem mais intensificadas.

§ Como existia uma dependência dos países capitalistas com os EUA, houve uma verdadeira reelaboração de conceitos e uma reavaliação dos princípios da administração.

§ A AH da administração começou logo após a morte de Taylor, mas somente a partir de 1930 é que efetivamente houve uma aceitação nos EUA e no resto do mundo após a segunda grande guerra mundial.

A INCORPORAÇÃO E EVOLUÇÃO DA VARIÁVEL HUMANA

· A causa imediata do aparecimento da Escola de Relações Humanas – ERH, está nos estudos realizados por professores da Universidade de Harvard na Western Electric, em sua fábrica de equipamentos telefônicos de Hawthorne, a partir de 1927.

· Os professores da Universidade de Harvard, após estudos e experiências, constataram que haviam relações de produtividade com o iluminação no local de trabalho.

· Os pesquisadores de Hawtorne eram todos cientistas sociais, que traziam para a Administração um grande acervo de conhecimento, que se bem adaptados poderiam sere de grande valor na solução de problemas das organizações econômicas.
A Experiência de Hawthorne
Em 1927 iniciou-se uma experiência em uma fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne, cuja finalidade era determinar a relação entre a intensidade de iluminação e a eficiência dos operários, medidas por meio da produção.
Devido a Teoria das Relações Humanas passou-se a estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas e a compreensão da motivação exige o conhecimento das necessidades humanas. A motivação refere-se ao comportamento que é causado por necessidades dentro do indivíduo e que é voltado na direção dos objetivos que podem satisfazer suas necessidades. Foram identificados três estágios de motivação:

- Necessidades fisiológicas;
- Necessidades psicológicas, e
- Necessidades de auto-realização.

A mensagem é clara, pode-se motivar uma pessoa quando se sabe o que ela necessita e quando uma necessidade de um determinado nível é satisfeita passa-se para o próximo nível na hierarquia.

Na época, valorizava o bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. A empresa não estava interessada em aumentar a produção, mas em conhecer melhores seus empregados.

1. Primeira Fase da Experiência de Hawthorne

Para analisar o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários, foram escolhidos dois grupos que faziam o mesmo trabalho e em condições idênticas: um grupo de observação trabalhava sobre intensidade de luz variável, enquanto o grupo de controle tinha intensidade constante. Os operários se julgavam na obrigação de produzir mais quando a intensidade de iluminação aumentava e, o contrário, quando diminuía. Comprovou-se a preponderância do fator psicológico sobre o fator fisiológico: a eficiência dos operários é afetada por condições psicológicas.


2. Segunda Fase da Experiência de Hawthorne

Começou em 1927. Foi criado um grupo de observação: cinco moças montavam os relés, enquanto uma sexta fornecia as peças para abastecer o trabalho. A sala de provas era separada do departamento (onde estava o grupo de controle) por uma divisão de madeira. O equipamento de trabalho era idêntico ao utilizado no departamento, apenas incluindo um contador de peças que marcava a produção. A produção foi o índice de comparação entre o grupo sujeito as mudanças e o grupo controle.

A pesquisa foi dividida em 12 períodos.

1° período: duraram duas semanas. Foi estabelecida a capacidade produtiva em condições normais de trabalho (2.400 unidades semanais por moça) que passou a ser comparada com os demais períodos.

2° período: cinco semanas. O grupo experimental foi isolado na sala de provas, mantendo-se as condições e o horário de trabalho normal e medindo-se o ritmo de produção. Serviu para verificar o efeito da mudança de local de trabalho.

3° período: modificou-se o sistema de pagamento. No grupo de controle havia o pagamento por tarefas em grupo. Os grupos eram numerosos (mais de cem moças), as variações de produção de cada moça eram diluídas na produção e não refletiam no salário individual. Separou-se o pagamento do grupo experimental e, como ele era pequeno, os esforços individuais repercutiam diretamente no salário. Esse período durou oito semanas. Verificou-se aumento de produção.

4° período: início da introdução de mudanças no trabalho. Um intervalo de cinco minutos de descanso no período da manhã e outro igual no período da tarde. Verificou-se novo aumento na produção.

5° período: Os intervalos de descanso foram aumentados para dez minutos. Novo aumento de produção.

6° período: introduziram-se três intervalos de cinco minutos na manhã e três à tarde. A produção não aumentou e houve quebra no ritmo de trabalho.

7° período: voltou-se a dois intervalos de dez minutos, em cada período, servindo-se um lanche leve. A produção aumentou novamente.

8° período: o grupo experimental passou a trabalhar até às 16h30min e não até às 17 horas, como o grupo de controle. Houve acentuado aumento na produção.

9° período: o grupo passou a trabalhar até às 16 horas. A produção permaneceu estacionária.

10° período: o grupo experimental voltou a trabalhar até às 17 horas. A produção aumentou muito.

11° período: estabeleceu-se a semana de cinco dias, com sábado livre. A produção diária do grupo experimental continuou a subir.

12° período: voltou-se às mesmas condições do 3° período, tirando-se todos os benefícios dados, com a aceitação das moças. Esse período durou 12 semanas. Inesperadamente a produção atingiu um índice jamais alcançado anteriormente (3.000 unidades semanais por moça).


Conclusão:

· As moças gostavam de trabalhar na sala de provas porque era divertido e a supervisão branda (ao contrário da supervisão de controle rígido na sala de montagem) permitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade;
· Havia um ambiente amistoso e sem pressões, na qual a conversa era permitida, o que aumentava a satisfação no trabalho;
· Não havia temor ao supervisor, pois este funcionava como orientador;
· Houve um desenvolvimento social do grupo experimental. As moças faziam amizades entre si e tornaram-se uma equipe;
· O grupo desenvolveu objetivos comuns, como o de aumentar o ritmo de produção, embora fosse solicitado trabalhar normalmente.

3. Terceira Fase da Experiência de Hawthorne

Os pesquisadores, fixados no estudo das relações humanas no trabalho, verificaram que, no grupo de controle, as moças consideravam humilhante e constrangedora a supervisão vigilante.

Assim, em 1928 iniciou-se o Programa de Entrevistas (Interviewing Program) com os empregados para conhecer suas atitudes e sentimentos, ouvir suas opiniões quanto ao trabalho e tratamento que recebiam, bem como ouvir sugestões a respeito do treinamento dos supervisores. O programa obteve sucesso. Foi, então, criada a Divisão de Pesquisas Industriais para ampliar o Programa de Entrevistas. Entre 1928 e 1930 foram entrevistados cerca de 21126 empregados. Em 1931 adotou-se a técnica da entrevista não diretiva, onde o operário pode falar livremente, sem que o entrevistador desvie o assunto ou tente impor um roteiro prévio.

O Programa de Entrevista revelou a existência da Organização Informal dos Operários a fim de se protegerem das ameaças da Administração. Nela, os operários se mantêm unidos por de laços de lealdade.


4. Quarta Fase da Experiência de Hawthorne

Para analisar a relação entre a Organização Informal dos Operários e a Organização Formal da Fábrica, foi escolhido um grupo experimental para trabalhar em uma sala especial com condições de trabalho idênticas às do departamento. Um observador na sala e um entrevistador fora entrevistando o grupo.

Sistema de pagamento baseado na produção do grupo. O salário só poderia ser maior se a produção total aumentasse. O observador pôde notar que os operários dentro da sala usavam uma porção de artimanhas – logo que os operários montavam o que julgavam ser a sua produção normal, reduziam seu ritmo de trabalho. Os operários passaram a apresentar certa uniformidade de sentimentos e solidariedade grupal. O grupo desenvolveu métodos para assegurar suas atitudes pressionando os mais rápidos para estabilizarem sua produção por meio de punições simbólicas.


5. Conclusões da Experiência de Hawthorne

a) Nível de Produção Resultante da Integração Social

O nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado (como afirmava a Teoria Clássica), mas por normas sociais e expectativas grupais. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo estabelecido. Quanto maior a integração social do grupo, maior a disposição para trabalhar.

b) Comportamento Social dos Empregados

Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos. Portanto, a administração não pode tratar os empregados um a um, mas sim como membros de grupos e sujeitos às influências sociais desses grupos. A Teoria das Relações Humanas contrapõe o comportamento social do empregado ao comportamento do tipo máquina da Teoria Clássica.

c) Recompensas e Sanções Sociais

Os precursores da Administração Científica, baseados no conceito de hommo economicus, pelo qual o homem é motivado e incentivado por estímulos salariais, elaboravam planos de incentivo salarial, para elevar a eficiência e baixar os custos operacionais. Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento, de aprovação social e participação nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Daí o conceito de homem social.

d) Grupos Informais

Enquanto os clássicos se preocupavam com aspectos formais da organização como autoridade, responsabilidade, especialização, estudos de tempos e movimentos, princípios gerais de Administração, departamentalização etc., os autores humanistas se concentravam nos aspectos informais da organização como grupos informais, comportamento social dos empregados, crenças, atitude e expectativa, motivação etc. A empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de grupos sociais informais. Esses definem suas regras de comportamento, formas de recompensas ou sanções sociais, objetivos, escala de valores sociais, crenças e expectativas que cada participante vai assimilando e integrando em suas atitudes e comportamento.

e) Relações Humanas

As relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas a partir dos contatos entre pessoas e grupos. Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada que influi no comportamento e atitudes das outras com quem mantém contato. A compreensão das relações humanas permite ao administrador melhores resultados de seus subordinados e a criação de uma atmosfera na qual cada pessoa é encorajada a exprimir-se de forma livre e sadia.

f) Importância do Conteúdo do Cargo

A especialização não é a maneira mais eficiente de divisão de trabalho. Trabalhos simples e repetitivos tornam-se monótonos e maçantes afetando negativamente a atitude do trabalhador e reduzindo a sua satisfação e eficiência.

g) Ênfase nos Aspectos Emocionais

Os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Daí a denominação de sociólogos da organização aos autores humanistas.



· Segundo o freudismo havia uma dicotomia básica entre homem e sociedade. Dessa forma, o homem seria naturalmente anti-social e dominado pelos instintos. Cabendo a sociedade a repressão dos instintos humanos, através do processo de socialização.

· A concepção freudiana das relações humanas é explicada da seguinte forma: o indivíduo nasce completamente equipado de determinadas tendências biológicas, para a satisfação das quais recorre a outros indivíduos.

· Os outros indivíduos constituem apenas meios para o atendimento de determinados fins de cada um.

· Já os teóricos da ERH apontam como erro de Freud o fato dele considerar o indivíduo como unidade básica da sociedade. Para tais teóricos, muito mais importante é o grupo primário. É nele que se efetiva a educação do indivíduo, pois nele o indivíduo adquire hábitos e atitudes.

· Em nossos dias, é ponto pacífico que a personalidade humana constitui o resultado da interação de traços hereditários e culturais.

· Temos dois níveis de personalidades:

1º) personalidade central – formada durante o processo de socialização do indivíduo;

2º) personalidade periférica – formada através do contato e participação do indivíduo no grupo primário.

· Como decorrência dos processos de formação desses dois níveis de personalidade, mudanças na periférica são mais fáceis que na central, sendo, portanto mais eficiente tentar mudar as atitudes dos grupos que dos indivíduos isoladamente.

· Segundo Mary Parker Follet, existem três métodos de solução de conflito nas organizações:

1º) o da força

2º) o da barganha

3º) o da integração

· A Escola da Administração Científica pensava na solução dos conflitos em ternos de força. Já para Follet, a melhor solução seria através da interação dos interesses de ambas as partes.

· A ERH construiu sobre essa base o seu edifício teórico, com o objetivo, mais ou menos claro, de aumentar a lucratividade através da diminuição dos custos oriundos dos conflitos internos à empresa.

· Ainda para Follet, para a utilização do método de interação, muita imaginação e estudo aprofundado do problema se faziam necessários, advertindo que nem sempre a solução integradora era viável.

· Ao fazer a crítica implacável ao “homo economicus”, como modelo de natureza humana, a ERH sugeriu para substituí-lo o modelo do “homo social”.

· O “Homo social” tinha três características:

1ª) ele é apresentado como um ser cujo comportamento não pode ser reduzido a esquemas simples e mecanicistas;

2ª) o homem é, a um só tempo, condicionado pelo sistema social e pelas chamadas demandas de ordem biológica;

3ª) em que pesem as diferenças individuais, todo homem possui necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e auto realização.

· A ERH chancela a existência dos grupos informais. Estes são um conjunto de indivíduos suficientemente pequeno, de forma que possam comunicar-se entre si direta e freqüentemente.

· Um grupo informal emerge dentro de uma organização quando as interações informais entre um determinado número de indivíduos começam a intensificar-se e a tomar corpo.

· Um dos fatores que vai determinar a existência de um grupo formal é a tecnologia adotada e a semelhança de interesse entre os indivíduos.

· Quando os homens se reúnem em grupos, assim o fazem tendo em vista o atendimento de necessidades de segurança, aprovação social e afeto. Tudo isto pode ser satisfeito pelo grupo, que ainda se constitui em derivativos para a monotonia e a fadiga no trabalho.

· Preocupada com a relação entre moral e produtividade, a ERH colocou na motivação a grande possibilidade de levar o indivíduo a trabalhar para o atingimento dos objetivos da organização formal.

· O homem não poderia ser obrigado a realizar tarefas cujos fins desconhecesse, mas, ao contrário, deveria participar da própria decisão que desse origem à tarefa que devesse executar.

· Imaginava-se que na maior parte das vezes o tipo de liderança mais eficaz, seria a do tipo democrático, no qual o subordinado teria ampla possibilidade de opinar sobre o próprio trabalho, bem como estaria sujeito a um controle por resultado e nunca por supervisão cerrada.

Capítulo 2, Fernando C. P. Motta – 16ª Edição


DECORRÊNCIA DA TRH

· Surge uma nova linguagem no repertório administrativo: motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo etc..

· O conceito advindo da AC como autoridade, hierarquia, racionalização, departamentalização etc, sofrem duras contestações.

· A figura do engenheiro e técnico dá lugar ao sociólogo e psicólogo.

· A ênfase nas tarefas e estrutura passa a ser substituída pela ênfase nas pessoas.

· Os intervalos de descanso e paradas para o café são importantes porque reduzem a fadiga física individual e também permite que os indivíduos interajam, formando grupos sociais.

· Como vimos a AC alicerçava a motivação nos efeitos da recompensa financeira e material do trabalho.

· A Experiência de Hawthorne demonstrou que o pagamento, mesmo efetivado de forma justa, não é o único fator que trará a satisfação do indivíduo dentro das organizações.

· Para Elton Mayo o homem é motivado, não por estímulos econômicos e salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais.

· A compreensão da motivação do comportamento exige o conhecimento das necessidades humanas.

· O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle do homem, e estes chamamos de necessidades ou motivações.

· Assim o homem foi considerado um indivíduo dotado de necessidade que se alternam ou se sucedem conjunta ou isoladamente.

· Satisfeita uma necessidade, surge outra em seu lugar e, assim por diante, contínua e indefinidamente.

· Ao longo da vida o indivíduo evolui por três níveis ou estágios de motivação e as diferenças individuais influem na duração, intensidade e possível fixação em cada um desses estágios.

· Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.

· Ler pág. 162/163

· Todo comportamento humano é motivado e que a motivação, no sentido psicológico, é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais determinadas necessidades.

· Ciclo motivacional: o organismo humano permanece em estado de equilíbrio psicológico, até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade.


FRUSTRAÇÃO

· A satisfação das necessidades nem sempre é obtida e, em conseqüência disso, haverá uma frustração, a tensão existente não é liberada, ocorrendo um estado de desequilíbrio.

· O ciclo motivacional pode alcançar outros objetivos além da solução da satisfação das necessidades ou frustração: a compensação ou transferência.



Equilíbrio




Necessidade

Barreira





Tensão


Comportamento


· No caso das necessidades fisiológicas, os objetivos são relativamente fixados e quase não têm compensação ou substitutos: fome só se satisfaz com alimento.

· Para as necessidades psicológicas e de auto-realização os objetivos são mais flexíveis e possibilitam transferência e compensação.

MORAL E ATITUDE

· O conceito moral começou a ser discutido na TRH.

· Moral: conceito abstrato, intangível, mas perfeitamente perceptível. Decorre do estado motivacional provocado pela satisfação ou não satisfação das necessidades dos indivíduos.

· O moral está relacionado com o estado motivacional, na medida em que as necessidades são satisfeitas pela organização, ocorre uma elevação do moral.

· O moral elevado faz com que cresça a colaboração e ainda assim depende do clima das relações humanas que desenvolve dentro das organizações, principalmente quando a organização formal permite em adequado entrosamento com a organização informal, quando a comunicação é de boa qualidade e o nível de supervisão é satisfatório.

· O moral é uma conseqüência do grau de satisfação das necessidades individuais.

LIDERANÇA

· A TC não se preocupou com a liderança e suas implicações, mas já a TRH verificou a enorme influência da liderança sobre o comportamento das pessoas.

· A Experiência de Hawthorne demonstrou a existência de líderes informais que absorvia as normas e expectativas do ambiente e que mantiam estrito controle sobre o comportamento do grupo, ajudando os indivíduos a agirem com um grupo social coeso e integrado.

· Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida por meio do processo da comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos (R. Tannenbaum).

· Liderança como uma qualidade pessoal: combinação especial de características pessoais que fazem de um indivíduo um líder.

· Liderança como função: advém de uma distribuição de autoridade de tomar decisões dentro de uma organização.

· O indivíduo que procura dar assistência e orientação ao grupo para que atinja um estado satisfatório tem grande possibilidade de ser considerado seu líder.

· Liderança é uma influência interpessoal e influência envolve conceitos de poder e autoridade.




ESTILOS DE LIDERANÇA

Autocrática
Democrática
Liberal (laissez-faire)
· Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.

· O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo.

· O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho

· O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.
· As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimuladas e assistidas pelo líder.

· O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativa para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

· A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade de escolher os seus companheiros de trabalho

· O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito, sem encarregar-se muito de tarefas. O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” em suas críticas e elogios.
· Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder.

· A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as pedissem.

· Tendo a divisão das tarefas como escolha dos companheiros fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder.

· O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso dos acontecimentos. O líder somente faz comentários irregulares sobre as atividades dos membros quando perguntado.

· Na realidade organizacional o líder utiliza os três processos, de acordo com: situação, pessoas, tarefas etc.

COMUNICAÇÃO

· É a troca de informação entre indivíduos, sendo assim constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e de organização social.

· Com as conseqüências das Experiências de Hawthorne e da Liderança, passou-se a concentrar atenção na oportunidade de ouvir e apreender em reuniões de equipes e notar os problemas de comunicações entre grupos nas empresas.

· Procurou elevar a competência do Administrador por meio do trato interpessoal, no sentido de adquirirem condições de enfrentar com eficiência os complexos desafios de comunicação.

· A TRH criou uma pressão sobre a gestão, procurando modificar as habituais maneiras de dirigir as organizações e as pessoas.

· O enfoque das relações humanas fez com que o Administrador assegurasse a participação das pessoas dos escalões inferiores na solução dos problemas da empresa e incentivasse a franqueza e confiança entre os indivíduos e os grupos na organização.

· A comunicação é uma ferramenta de gestão que:
1. Proporciona informação e compreensão necessária para que as pessoas possam se conduzir nas suas tarefas;
2. proporciona as atitudes necessárias que promovam a motivação, cooperação e satisfação nos cargos.

· Os dois propósitos juntos vão promover um ambiente que conduz a um espírito de equipe e a um melhor desempenho das tarefas:




Proporcionar informação e compreensão necessárias ao esforço das pessoas

+
Proporcionar as atitudes necessárias para a motivação, cooperação e satisfação no cargo

=
Melhor comunicação
conduz a um melhor
desempenho nos cargos





Habilidade de
Trabalhar

Vontade de
trabalhar

Trabalho de
equipe

Aula extraída do capítulo 6 – Introdução à Teoria Geral da Administração - Chiavenato.

10 de setembro de 2008

Cronograma de Provas

1° período LOG
---------------------
DIA
DISCIPLINA
06/10
Psicologia
---------------
07/10
TGA I
----------------------
08/10
Economia
---------------------
09/10
Filosofia
---------------------
10/10
LPT

Apostila de economia( Nao tem como colocar graficos) sem os graficos!

Unidade II - Microeconomia
Capítulo 2 – Oferta e demanda


2.1. As forças de mercado da oferta e da demanda

Quando ocorre uma guerra no Oriente Médio, o preço da gasolina aumenta no Brasil e o preço de carros à gasolina tende a declinar. Quando ocorre uma seca em Minas Gerais o preço do leite e materiais derivados deste sobe no Brasil. A relação entre esses acontecimentos está na ação da oferta e demanda.
Boa parte da discussão em economia envolve os termos oferta e demanda. Se você quiser saber como uma política ou um acontecimento influencia a economia, provavelmente, você deverá pensar em termos de oferta e demanda. Estas são as forças que movem a economia de mercado e determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido.

2.2. Demanda

A demanda enfatiza somente as decisões dos compradores, e não dos vendedores, e tem como essência descrever como os primeiros reagem a mudanças nos preços, ou seja, como a quantidade que os consumidores compram no mercado de um determinado bem varia em função de mudanças nos preços.
A quantidade do bem que os consumidores desejam e podem comprar é chamada de quantidade demandada.
A demanda pode ser definida como as possíveis quantidades de um bem ou serviço que os consumidores estão dispostos a retirar do mercado, em um determinado período de tempo, aos vários preços alternativos, tudo o mais permanecendo constante (ceteris paribus).

2.2.1. Tabelas e curvas de demanda

A tabela de demanda é utilizada para descrever as diferentes quantidades de bens ou serviços que os consumidores compraram aos diversos preços possíveis. A Tabela 2.1 ilustra a demanda de um estudante por potes de sorvetes durante um mês. Quando o preço está mais baixo (R$ 1,00, por exemplo) o consumidor compra mais do bem (10 unidades), à mediada que o preço começa a subir (R$ 4,00) ele reduz sua quantidade demandada (4 unidades). Isso demonstra a presença de uma relação inversa entre preços e quantidades. A essa relação entre quantidade demandada e preços dá-se o nome de lei da demanda.
A lei da demanda diz que, tudo mais constante (ceteris paribus), a quantidade demandada de um bem ou serviço aumenta quando o seu preço diminui, e cai, se seu preço sobe.

Tabela 2.1 – Preços e quantidades demandadas mensais de potes de sorvete
por um estudante.

Preço de sanduíches (R$)
Quantidade demandada
de sorvete (Potes)
1
10
2
8
3
6
4
4
5
2
6
0

Fonte: Formulação própria

A Figura 2.1 representa graficamente os números contidos na Tabela 2.1. Considera-se a quantidade como função dos preços, mas apenas por convenção os preços, em praticamente todos os textos de economia, são representados no eixo vertical e a quantidade demandada, no eixo horizontal. A linha inclinada para baixo, relacionando preços e quantidades, é denominada curva de demanda. Essa curva descreve as quantidades máximas, por unidade de tempo, que o consumidor está disposto e pode adquirir aos vários preços.
Toda curva de demanda é traçada mantendo muitos fatores constantes. A curva da Figura 2.1, demonstra o que acontece com a quantidade demandada de sorvete quando apenas o preço do sorvete varia. Vários outros fatores, como renda, gostos, expectativas, preços dos bens relacionados, não mudam.

6

5

4

3

2

1
0 2 4 6 8 10 12
Preço do pote de sorvete
Quantidades de
sorvete
Curva de Demanda de Individual
Figura 2.1 – Curva de demanda de um estudante por sorvete.

Para lembrar que todas as outras coisas estão constantes, a não ser aquela(s) que se está(ão) estudando, os economistas usam a expressão latina ceteris paribus que é traduzida como “outras coisas sendo iguais”.


2.2.2. Demanda de mercado versus demanda individual

No item anterior foram apresentados a tabela e o gráfico da demanda individual por um produto. Porém, para analisar o funcionamento do mercado é preciso determinar a demanda de mercado, que é o somatório de todas as demandas individuais por um bem ou serviço.
A Figura 2.2 mostra as curvas de demanda do Pedro, Ana e de mercado. Suponha que só essas duas pessoas consomem sorvete em um país. A curva de demanda de Pedro mostra as quantidades que ele compra do bem a cada preço e a curva de demanda da Ana diz o que ela compra aos vários preços. Quando se soma horizontalmente as curvas de demanda individuais se obtém a curva de demanda de mercado. Ou seja, para obter a quantidade total demandada a cada preço, somam-se as quantidades demandadas descritas no eixo horizontal das curvas de demanda individuais. Como na maior parte das vezes o maior interesse está na análise do mercado trabalha-se com a curva de demanda de mercado, que mostra o quanto varia a quantidade total demandada de um bem quando o seu preço muda, ceteris paribus.

Quantidades
de potes
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
Quantidades
de potes
de sorvete
Demanda do Pedro +
Demanda da Ana =
Demanda de Mercado
Quantidades
de potes
de sorvete
Figura 2.2 – Demanda de mercado como somatório das demandas individuais.

2.2.3. Mudanças na quantidade demandada versus mudança na curva de demanda

A) Mudanças na quantidade demandada

O efeito de uma mudança no preço de um bem ou serviço, por exemplo, pote de sorvete, pode ser mostrado como um movimento ao longo da curva de demanda, ceteris paribus.
Como exemplo, suponha que o preço do pote de sorvete aumente de R$ 2,00 para R$ 5,00. Com o aumento do preço, a quantidade que os consumidores desejam demandar cai de 4 unidades para 2. Esse fato é demonstrado na Figura 2.3 com o deslocamento do ponto A para o B na curva de demanda de mercado.





B) Mudança na curva de demanda

Em todas as representações de curvas de demanda, por pressuposição, existem fatores que são mantidos constantes. Quando alguns desses fatores sofrem alterações, ocorrem mudanças na própria curva, ou seja, há um deslocamento da curva de demanda.

0 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Quantidades de potes
de sorvete
Curva de Demanda de Sorvete
Preço do pote
de sorvete
A
B
Figura 2.3 – Deslocamento ao longo da curva de demanda.


Os principais fatores que influenciam, ou deslocam, a curva de demanda são:
1) Renda do consumidor – Um dos mais importantes fatores que influencia a demanda por um produto é a renda do consumidor. Suponha, por exemplo, que você perdeu o seu emprego no verão, o que aconteceria com a sua demanda por sorvete? A perda do emprego significa uma redução de renda, ou seja, menos dinheiro para gastar, de modo que você tenderia a gastar menos com alguns bens – e provavelmente com todos. Assim, espera-se que sua demanda por sorvete caia.
Uma redução de renda fará com que, provavelmente, você venha a consumir menos sorvete, deslocando a curva de demanda para a esquerda (Figura 2.4 a). Seja D0 a demanda inicial de sorvetes em potes. A redução da renda provocará um deslocamento da curva de demanda para esquerda, de D0 para D1. Ao mesmo nível de preços (R$ 5,00, por exemplo) o consumidor irá comprar menos quantidade de sorvete (passará a consumir 2 unidades no lugar de 5).
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Quantidades
a) Redução de renda
Preço do bem
D0
D1
b) Aumento de renda
0 1 2 3 4 5 6 7 8
6

5

4

3

2

1
D0
D1
Preço do bem
Quantidades
Figura 2.4 – Deslocamento da curva de demanda em função de variações na renda.

Um aumento na renda do consumidor desloca a curva de demanda para a direita, ou seja, de D0 para D1, como demonstrado no painel b da Figura 2.4. Os bens podem ser classificados em normal, inferior ou superior em função de variações na renda.
Um bem normal é aquele em que um aumento na renda do consumidor provoca um acréscimo na quantidade demandada, porém em menor ou igual proporção, tudo o mais permanecendo constate, isto é, o aumento na renda desloca a curva de demanda para a direita (como na Figura 2.4 b). A maior parte dos bens são normais.
Um bem superior é aquele em que um aumento na renda do consumidor provoca um acréscimo na quantidade demanda, porém em uma proporção maior que a do aumento da renda, tudo o mais constate.
Já um bem inferior é aquele em que um acréscimo na renda do consumidor resulta em uma redução na demanda, ceteris paribus. Ou seja, o aumento da renda desloca a curva de demanda para a esquerda (como pode ser visto na Figura 2.4 a).
Um bom exemplo de bem inferior são as viagens de ônibus. Se você perder o emprego, tendo uma redução significativa de renda, é provável que passe a andar mais de ônibus do que compre um carro ou ande de táxi. Assim, uma redução de renda aumentou o seu consumo de passagens de ônibus.
Um outro exemplo é o consumo de carne de segunda. Se a renda dos consumidores triplicar, é provável que eles deixem de consumir um pouco de carne de segunda e consumam carne de primeira. Portanto, um aumento de renda tende a reduzir o consumo de carnes de segunda.

2) Gostos ou preferências - O gosto é o mais óbvio determinante para a demanda de um bem. O que o(a) leva a consumir sorvete ou outro produto é a sua preferência ou gosto por ele. Em economia não se tenta explicar os gostos, mas examina-se o que acontece quando eles mudam. Um aumento na preferência por um produto tende a deslocar a curva de demanda para a direita, e uma redução provoca um deslocamento para a esquerda.
Um exemplo de mudança nos gostos é a substituição de açúcar por produtos dietéticos. No passado se utilizava açúcar em, praticamente, todos os alimentos para acrescentar sabor. Com a descoberta de produtos dietéticos muitas pessoas passaram a preferir esses produtos. Dessa forma, mudanças nas preferências tendem a deslocar a curva de demanda de produtos dietéticos para a direita e de produtos à base de açúcar para a esquerda.

3) Preços dos bens relacionados - As mudanças nos preços de bens relacionados deslocam a curva de demanda para direita ou esquerda, dependendo do tipo de relação estabelecida entre os bens. Esta relação pode ser de substituibilidade ou complementariedade. Dessa forma, os bens podem ser classificados como complementares ou substitutos.
Bens substitutos: dois bens são considerados substitutos se desempenham funções semelhantes para o consumidor. Um aumento no preço de um deles aumenta a demanda pelo outro. São exemplos de pares de bens substitutos: cachorro-quente e hambúrgueres, ingressos para cinema e locação de fitas de vídeo, manteiga e margarina, café e chá, carne de boi e de frango, etc.
A Figura 2.5 exemplifica o efeito de um aumento do preço do iogurte sobre a demanda de sorvete. Ambos os bens são sobremesas frias, portanto desempenhando funções semelhantes. Como pode ser visto na Figura 2.5, um aumento do preço do iogurte, representado pelo deslocamento ao longo da curva de demanda por iogurte, provoca um deslocamento da curva de demanda de sorvete de D1 para D2.
Bens complementares: Dois bens são complementares se eles são utilizados em conjunto. Um aumento no preço de um dos bens provoca uma redução na demanda pelo outro bem. São exemplos de bens complementares: gasolina e automóveis, computadores e softwares, caderno e caneta, pão e manteiga.

Q1 Q2


P1



P0


Quantidades
a) Curva de demanda por iogurte
Preço do bem
D
b) Curva de demanda por sorvete
D0
D1
Preço do bem
Q1 Q2
Quantidades

Figura 2.5 – Exemplo de bens substitutos (iogurte e sorvete).

Na Figura 2.6 é demonstrada a relação entre dois bens complementares: sorvete e cobertura. Um aumento no preço do sorvete reduz a quantidade demandada do mesmo e, conseqüentemente, a quantidade demandada de cobertura, deslocando a curva de demanda por cobertura para esquerda, de D0 para D1.
Q1 Q0


P1



P0


Quantidades
a) Curva de demanda sorvete
Preço do bem
D
b) Curva de demanda por cobertura
D0
Preço do bem
Q1 Q0
Quantidades
D1
Figura 2.6 – Exemplo de bens complementares (sorvete e cobertura).
4) Expectativas - As expectativas em relação ao futuro podem afetar a sua demanda atual de um bem ou serviço. Se, por exemplo, você tiver a expectativa de que sua renda irá aumentar no mês que vem, talvez você esteja disposto a gastar parte de uma eventual poupança para comprar sorvete, o que desloca a curva de demanda hoje para a direita. Também a expectativa de aumento de preço futuro de um bem, poderá provocar um deslocamento da curva de demanda atual para a direita, pois os consumidores podem querer comprar hoje maior quantidade aos preços dados e estocar tal bem, para não ter que pagar mais caro no futuro.
A Tabela 2.2 resume os efeitos de variações nos determinantes da demanda. Todos os fatores determinantes da quantidade demandada, exceto preço, deslocam a curva de demanda. Qualquer alteração que aumente a quantidade demandada a cada preço desloca a curva de demanda para a direita. As alterações que diminuem a quantidade demandada a cada preço deslocam a curva de demanda para a esquerda.

Tabela 2.2 – Determinantes da quantidade demandada.

Variáveis que afetam a quantidade demandada
Um acréscimo nessa variável...
Um decréscimo nessa variável...
Preço
Representa um movimento para esquerda ao longo da curva de demanda[1]
Representa um movimento para direita ao longo da curva de direita
Renda
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Preço de bens complementares
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Desloca a curva de demanda para a direita
Preço de bens substitutos
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Gostos
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Expectativas
Expectativa de aumento de preço do bem analisado no futuro desloca a curva de demanda desse bem para direita
Expectativa de redução de preço do bem analisado no futuro desloca a curva de demanda desse bem para esquerda
Número de Compradores
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda


2.3. Oferta

A oferta enfatiza somente as decisões dos vendedores ou produtores de um determinado bem, e não dos compradores, e tem como essência descrever como os primeiros reagem a mudanças nos preços, ou seja, como a quantidade que os vendedores oferecem no mercado de um determinado bem varia em função de mudanças nos preços. A quantidade do bem que os vendedores desejam e podem oferecer é chamada de quantidade ofertada.
A oferta pode ser definida como as possíveis quantidades de um bem ou serviço que os vendedores estão dispostos e são capazes de vender no mercado, em um determinado período de tempo, aos vários preços alternativos, ceteris paribus.


2.3.1. Tabelas e curvas de oferta

A tabela de oferta é utilizada para descrever as diferentes quantidades de bens ou serviços que os vendedores vendem aos diversos preços possíveis. A Tabela 2.3 ilustra a oferta de um vendedor de potes de sorvete. Quando o preço está mais baixo (R$ 1,00, por exemplo) o vendedor não oferece unidades do bem (0 unidades), à mediada que o preço começa a subir (R$ 2,00) ele começa a aumentar sua quantidade ofertada (2 unidades). Isso demonstra a presença de uma relação direta entre preços e quantidades. A essa relação entre quantidade oferecida e preços dá-se o nome de lei da oferta.
A lei da oferta diz que, tudo mais constante (ceteris paribus), a quantidade ofertada de um bem ou serviço aumenta quando o seu preço aumenta, e cai, se o preço cai.
A Figura 2.7 representa graficamente os números contidos na Tabela 2.3. Relembrando que se considera a quantidade como função dos preços, mas apenas por convenção, os preços, em praticamente todos os textos de economia, são representados no eixo vertical e a quantidade ofertada, no eixo horizontal. A linha inclinada para cima, relacionando preços e quantidades, é denominada curva de oferta. Essa curva descreve as quantidades máximas, por unidade de tempo, que o vendedor está disposto e pode adquirir aos vários preços.


Tabela 2.3 – Preços e quantidades ofertadas mensais de sorvete
por um empresário.

Preço do pote de sorvete (R$)
Quantidade ofertada
de sorvete (potes)
1
0
2
2
3
4
4
6
5
8
6
10

Fonte: Formulação própria

Toda curva de oferta é traçada mantendo muitos fatores constantes. A curva da Figura 2.7, demonstra o que acontece com a quantidade ofertada de sorvete quando apenas o preço do mesmo varia. Vários outros fatores, como preços dos insumos, tecnologia, expectativas não mudam.

6

5

4

3

2

1
0 2 4 6 8 10 12
Preço do sorvete
Quantidades
de potes de sorvete
Curva de Oferta Individual
Figura 2.7 – Curva de oferta de um vendedor de sorvete.



2.3.2. Oferta de mercado versus oferta individual

No item anterior foram apresentados a tabela e o gráfico da oferta individual por um produto. Porém, para analisar o funcionamento do mercado é preciso determinar a oferta de mercado, que é o somatório de todas as ofertas individuais por um bem ou serviço.
A Figura 2.8 mostra as curvas de oferta do João, Paula e de mercado. Suponha que só essas duas pessoas ofertam sorvete em um país. A curva de oferta de João mostra as quantidades que ele oferece do bem a cada preço e a curva de oferta da Paula diz o que ela oferta aos vários preços. Quando se soma horizontalmente as curvas de oferta individuais se obtém a curva de oferta de mercado. Ou seja, para obter a quantidade total ofertada a cada preço, somam-se as quantidades ofertadas descritas no eixo horizontal das curvas de oferta individuais. Como na maior parte das vezes o maior interesse está na análise do mercado trabalha-se com a curva de oferta de mercado, que mostra o quanto varia a quantidade total ofertada de um bem, quando o seu preço varia, ceteris paribus.

0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
Quantidades
de potes
de sorvete
Quantidades
de potes
de sorvete
Oferta do João +
Oferta da Paula =
Oferta de Mercado
Quantidades
de potes
de sorvete
Figura 2.8 – Oferta de mercado como somatório das ofertas individuais.





2.3.3. Mudanças na quantidade ofertada versus mudança na curva de oferta

A) Mudança na quantidade ofertada

A curva de oferta relaciona os diversos preços de determinado bem com as quantidades oferecidas pelos vendedores. Assim, a única maneira de mover-se sobre a curva de oferta é pela mudança de preço.
O efeito de uma mudança no preço de um bem ou serviço, por exemplo, pote de sorvete, pode ser mostrado como um movimento ao longo da oferta, ceteris paribus. Suponha que o preço do pote de sorvete aumente de R$ 2,00 para R$ 5,00. Com o aumento do preço, a quantidade que os vendedores desejam ofertar aumenta de 1 unidade para 4. Esse fato é demonstrado na Figura 2.9 com o deslocamento do ponto A para o B na curva de oferta de mercado.

B
A
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Quantidades
de potes
de sorvete
Oferta de Mercado
Figura 2.9 – Deslocamento ao longo da curva de oferta.

B) Mudança na curva de oferta

Em todas as representações de curvas de oferta, por pressuposição, existem fatores que são mantidos constantes. Quando alguns desses fatores sofrem alterações, ocorrem mudanças na própria curva, ou seja, há um deslocamento da curva de oferta.
Os principais fatores que causam o deslocamento da curva de oferta são:
1) Preços dos insumos - Quando o preço de um ou mais insumos aumenta, a produção se torna menos lucrativa a um dado preço do produto e a empresa oferecerá menos deste. Se o preço do insumo subir demais pode ser preferível fechar a fábrica e não oferecer o bem ou serviço, considerando que não houve mudança no preço do bem. Dessa forma, a quantidade oferecida se relaciona negativamente com o preço dos insumos usados na sua fabricação. Para se produzir sorvete, por exemplo, são utilizados vários insumos: creme de leite, açúcar, máquinas, funcionários, edifício etc. Se o preço do creme de leite subir muito, a produção de sorvete tende a diminuir. Se estiver extremamente alto, talvez o produtor de sorvete ache inviável a produção e feche fábrica ou passe a produzir outro bem (pão de queijo, por exemplo).

2) Tecnologia - Avanços tecnológicos reduzem os custos das empresas, o que provoca aumento da quantidade oferecida de um determinado produto. Suponha a invenção de uma máquina automatizada pra produzir sorvete, por exemplo, reduz o número de funcionários, utensílios etc. Agora, aos mesmos custos de antes, é possível fabricar mais sorvete. Assim, avanços tecnológicos deslocam a curva de oferta de sorvetes para a direita.

3) Expectativas - A quantidade oferecida de um bem pode depender de suas expectativas quanto ao futuro. Se, por exemplo, você espera que o preço do sorvete vá subir no futuro, você estoca parte da produção para ser oferecida quando o preço subir, conseqüentemente, oferecendo menos sorvete hoje.

A Tabela 2.4 resume os efeitos de variações nos determinantes da oferta. Todos os fatores determinantes da quantidade ofertada, exceto preço, deslocam a curva de oferta. Qualquer alteração que aumente a quantidade ofertada a cada preço, desloca a curva de oferta para a direita. As alterações que diminuem a quantidade ofertada a cada preço deslocam a curva de oferta para a esquerda.




Tabela 2.4 – Determinantes da quantidade ofertada.

Variáveis que afetam a quantidade oferecida
Um acréscimo nessa variável...
Um decréscimo nessa variável...
Preço
Representa um movimento para direita ao longo da curva de oferta
Representa um movimento para esquerda ao longo da curva de oferta
Preços dos insumos
Desloca a curva de oferta para a esquerda
Desloca a curva de oferta para a direita
Tecnologia
Desloca a curva de oferta para a direita
Desloca a curva de oferta para a esquerda
Expectativas
Expectativas de que o preço do produto vá aumentar no futuro levam a redução da oferta hoje, pois o vendedor pode achar vantajoso estocar hoje para vender no futuro quando o preço subir.
Expectativas de que o preço do produto vá diminuir no futuro levam a aumento da oferta hoje, pois o vendedor pode achar vantajoso vender mais hoje no lugar de vender no futuro quando o preço cair.
Número de vendedores
Desloca a curva de oferta para a direita
Desloca a curva de oferta para a esquerda


[1] Como a grande maioria dos bens são comuns, e não de Giffen, um aumento de preços reduz a quantidade demandada e uma redução tende a aumentá-la.